quinta-feira, 12 de maio de 2016

CONVERSANDO COM A SUA HISTÓRIA: PAULO MORAES FARIAS

O mês da África promovido pela Fundação Pedro Calmon, da Secretaria de Cultura do Estado da  Bahia, fez, no dia 09 de maio, uma sessão do Conversando com sua História  com  o  Historiador Paulo Fernando Moraes Farias. O professor Paulo é baiano.  Saiu  daqui em 1964. Trabalhou na África Ocidental. Depois  foi  para a Inglaterra onde  hoje  integra o  departamento de estudos africanos  da Universidade de Birmingham.

Conectividades entre as  Histórias regionais da África Ocidental foi  o tema da conferência que começou explicando como ele desenvolveu o interesse pela História da África. Sua origem  de esquerda fez questionar o papel atribuído aos africanos na formação do Brasil. 

Em 1964 já  tinha acertado  ida para Gana como parte  do convênio entre o Centro de Estudos Afro Orientais (CEAO) e várias universidades africanas. O Golpe o fez sair  preocupado com a própria segurança.  O convite da  universidade de Gana era uma  carta na manga.

O professor Paulo descreveu o Instituto de estudos Africanos da universidade de Gana como um  centro de estudos estimulante,  universalista,  pluralista e desafiador, integrando professores de todos os cantos do mundo. Foi para lá como estudante de pós graduação.  Como professor foi  atuar depois na Universidade de Dakar.

A experiência em Gana  ajudou a definir o que queria fazer em termos de História da África.  Afirma que: "A tendência natural de um brasileiro era querer estudar aquelas partes do continente que tem relação direta com o Brasil".  Começou a pensar em trabalhar com um tema fora desta linha mas que merece ser estudado, porque a África deve ser estudada como um todo. Foi assim que chegou ao Movimento Almorávida,  grande  império que durou quase um século.  Iniciado na África ocidental,  se expandiu  até  a Espanha e  Portugal.  Destaca isso para chamar atenção de que era um movimento africano interferindo na história europeia e na vida do Oriente médio. Um sentido oposto ao que estamos habituados a pensar. O processo de inserção da África não pode ser visto apenas como  penetração.  Os africanos estavam num  papel  ativo.  Exemplo disso foi  o  movimento Almorávida.
  
Na África há uma tradição das pessoas se deslocarem,  existe muito contato entre os povos. Daí a reflexão sobre as experiência de contatos, as "conectividades" conforme as suas palavras. Focalizou a região do Vale do Níger que é um grande canal de comunicação, importante rota de comércio e de ligação entre diferentes povos. O professor Paulo lembra que Diásporas  comerciais  são temas de  pesquisa bem estabelecimento mas que a tendência de estudar casos particulares mascara o panorama maior dos contatos e conexões.

Toda a conferência, magistral diga-se de passagem, foi regada por uma farta demonstração das possibilidades temáticas e da diversidades de fontes  para o estudo da História da África Ocidental. O desafio está lançado.


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