O mês da África promovido pela Fundação Pedro Calmon, da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, fez, no dia 09 de maio, uma sessão do Conversando com sua História com o Historiador Paulo Fernando Moraes Farias. O professor Paulo é baiano. Saiu daqui em 1964. Trabalhou na África Ocidental. Depois foi para a Inglaterra onde hoje integra o departamento de estudos africanos da Universidade de Birmingham.
Conectividades entre as Histórias regionais da África Ocidental foi o tema da conferência que começou explicando como ele desenvolveu o interesse pela História da África. Sua origem de esquerda fez questionar o papel atribuído aos africanos na formação do Brasil.
Em 1964 já tinha acertado ida para Gana como parte do convênio entre o Centro de Estudos Afro Orientais (CEAO) e várias universidades africanas. O Golpe o fez sair preocupado com a própria segurança. O convite da universidade de Gana era uma carta na manga.
O professor Paulo descreveu o Instituto de estudos Africanos da universidade de Gana como um centro de estudos estimulante, universalista, pluralista e desafiador, integrando professores de todos os cantos do mundo. Foi para lá como estudante de pós graduação. Como professor foi atuar depois na Universidade de Dakar.
A experiência em Gana ajudou a definir o que queria fazer em termos de História da África. Afirma que: "A tendência natural de um brasileiro era querer estudar aquelas partes do continente que tem relação direta com o Brasil". Começou a pensar em trabalhar com um tema fora desta linha mas que merece ser estudado, porque a África deve ser estudada como um todo. Foi assim que chegou ao Movimento Almorávida, grande império que durou quase um século. Iniciado na África ocidental, se expandiu até a Espanha e Portugal. Destaca isso para chamar atenção de que era um movimento africano interferindo na história europeia e na vida do Oriente médio. Um sentido oposto ao que estamos habituados a pensar. O processo de inserção da África não pode ser visto apenas como penetração. Os africanos estavam num papel ativo. Exemplo disso foi o movimento Almorávida.
Na África há uma tradição das pessoas se deslocarem, existe muito contato entre os povos. Daí a reflexão sobre as experiência de contatos, as "conectividades" conforme as suas palavras. Focalizou a região do Vale do Níger que é um grande canal de comunicação, importante rota de comércio e de ligação entre diferentes povos. O professor Paulo lembra que Diásporas comerciais são temas de pesquisa bem estabelecimento mas que a tendência de estudar casos particulares mascara o panorama maior dos contatos e conexões.
Toda a conferência, magistral diga-se de passagem, foi regada por uma farta demonstração das possibilidades temáticas e da diversidades de fontes para o estudo da História da África Ocidental. O desafio está lançado.
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