segunda-feira, 29 de setembro de 2014

COMENTÁRIO DE GABRIEL DE JESUS SOBRE O FILME: O MESTRE DOS LOUCOS

Os Mestres Loucos(1)

 (Les Maîtres Fous)

 Por Gabriel Silva de Jesus(2)



Os Mestres Loucos, filmado e dirigido pelo respeitado etnólogo e antropólogo-
cineasta francês Jean Rouch, recebeu o Prêmio dos Filmes Etnográficos, Geográficos, 
Turísticos e Folclóricos no festival internacional de Veneza de 1957. Realizado no 
curso de uma missão do Centro Nacional de Pesquisa Científica e do Instituto Francês 
da África do Norte, pretende apresentar as práticas de uma seita louvando o Deus 
Haouka, gerada por um grupo de trabalhadores do centro urbano e comercial da África 
Ocidental, na região de Accra, Costa do Ouro, região colonizada pelo imperialismo 
britânico. Filmado em um dia, no ano de 1954, Jean Rouch pretende contestar o modelo 
civilizatório imposto pelo Ocidente cristão. 

A Seita Haouka, pretende contrastar aos atos violentos impostos pelo modelo 
colonial europeu. Auto-interpretando os signos dos colonizadores, trata-se de uma 
contestação ao império ocidental colonial, fruto de um mundo hostil e agressivo 
construído pelo modelo Ocidental de civilização. Deste modo, o culto religioso 
Haouka não teve sua origem dentro do modelo cultural africano, nasceu nas relações já 
avançada entre os colonizadores e colonizados. Assim, procuram interpretar elementos 
da modernidade do capitalismo industrial, surgindo na película através do papel do 
maquinista, dos sentinelas, do general, do corporal de serviço, do tenente, da prostituta, 
do piloto de caminhão e do comandante. Possuídos através das divindades, os membros 
da seita em estado de transe, procuram colocar em cena condutas e situações da 
interação social vista por eles diante do cotidiano dos brancos no território africano.

Visando desconstruir o modelo de organização política colonial construída 
dentro do continente africano, Jean Rouch contrapõe, dentro do filme, mediante 
a parada militar britânica, o ritual britânico. Notadamente, Rouch faz uma crítica 
procurando desconstruir o modelo de organização política implantada por meio dos 
colonizadores. De certa forma, esse contraste coloca no centro uma imagem deformada 
da civilização ocidental, demonstrando a política colonial como um modelo reacionário, 
autocrata, arbitrário, tornando-se mais um meio de dominação executada pelo poderio 
bélico e financeiro de uma Europa colonialista. 

Por vezes, o filme de Rouch ecoa de forma bárbara aos olhos do público 
educado na tradição cristã, onde admitiria facilmente uma mentalidade de seres em 
atraso, precisando ser civilizado, talvez o ápice de um pensamento desse tipo estaria 
no sacrifício de um cachorro, ou mesmo pela baba escorrendo da boca dos negros, 
ainda diante das lambidas do sangue derramado no altar, porém para além de uma 
mentalidade arraigada no moralismo apostólico romano, Reuch ao expor dessa forma os 
Haouka, procura defender outra cultura de forma natural, vista como ela é realizada. 

O clássico filme de Reuch, ao abordar a busca de contraste dentro de uma 
sociedade por si mesma hostil, na qual os africanos são covardemente marginalizados 
via o desenvolvimento da colonização, pode ser entendido como uma película na 
militância anticolonialista, na medida em que possibilita uma imagem de criação livre 
realizada pelos trabalhadores de Accra, a Seita Haouka aparece como um símbolo de 
puro estado de liberdade dentro da floresta africana. Com efeito, a Seita ainda está 
enquadrada diante de um instrumento de defesa da alienação colonial, sendo que ao 
tentar uma identificação aos modelos hierarquizados dos colonizadores, os africanos da 
Seita conseguem legitimação para contestar a sociedade desigual em que vivem. 


Indicação de leitura:

Disponível em: dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/3804428.pdf Acesso em: 14/06/14.

NOTA

1 Os Mestres Loucos/ FRA, Direção:Jean Rouch, 27 min, 1995. 
2 Graduado em História para UFRB.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

NEAB da UFRB inicia a segunda turma da especialização em História dos africanos e dos Afrobrasileiros


Em 25 de setembro de 2014, o NEAB da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) inicia as atividades da segunda turma do curso de especialização em História dos africanos e dos afrobrasileiros com as aulas do professor Juvenal de Carvalho e Antônio Liberac, respectivamente em Cachoeira e Amargosa.

Este blog, Conversa sobre as Áfricas, organizado pelo professor Juvenal de Carvalho, com a participação ativa da equipe de orientando apresenta as boas vindas aos alunos(as) da disciplina História da África e convida a todas(os) a navegarem conosco. Analise, critique, apresente suas sugestões. Envie postagens sobre História da África. Faça seus comentários sobre a disciplina.

Este blog tem o objetivo de ser um ponto de encontro, espaço de diálogo e reflexão permanente para quem tem interesse nos estudos africanos. Navegue nesta conversa.

Kandandu para vocês



quarta-feira, 24 de setembro de 2014

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

ECONOMIA AFRICANA: Alguns elementos para pensar os desafios, as possibilidades e os limites de um continente em transformação.

Classe média cresce mais de três vezes em África http://feedproxy.google.com/~r/AngolaEconomia-GoogleNotcias/~3/wwsypjbvsUA/classe_media_cresce_mais_de_tres_vezes_em_africa