África: uma História rejeitada é o título de um documentário que a turma de História da África da UFRB, 2014,1 deve discutir. Aguardo a reflexão e a crítica de vocês sobre este documentário.
Veja o link - África: uma História rejeitada
Conversa sobre as Áfricas é uma iniciativa do ÁFRICA EM PAUTA: Grupo de pesquisa em História da África da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Nosso objetivo é criar um espaço para trocar de informações sobre a História das Áfricas, para colaboração na pesquisa, no ensino e na luta por um mundo de justiça e equidade
segunda-feira, 20 de outubro de 2014
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sexta-feira, 3 de outubro de 2014
quarta-feira, 1 de outubro de 2014
ARTIGO: O TERREIRO DE CANDOMBLÉ DE PAI LEOPOLDO
O TERREIRO DE CANDOMBLÉ DE PAI LEOPOLDO
(REPRESENTAÇÕES E
SIMBOLISMO: 1963 – 2006)
Luis Carlos Borges da Silva[*]
INTRODUÇÃO
Escrever acerca do Candomblé é
sempre algo fascinante, pois é uma temática que se sustenta nas raízes da
história do povo negro no Brasil. História que surge no século XIX,
especificamente na Bahia, cenário extremamente favorável para a construção
desse imaginário, pois foi na Bahia a maior concentração de negros oriundos da
África condicionados ao trabalho escravo, sendo Salvador e o Recôncavo os
espaços do território baiano, onde essa manifestação religiosa ganhou maior
expressão, permitindo a construção de símbolos e representações que até hoje
emocionam as pessoas que visualizam no Candomblé uma vertente religiosa com
características próprias e que contribuiu para que os negros forjassem sua
liberdade e resistissem à opressão imposta pelos brancos.
Nessa perspectiva de compreender o
Candomblé como uma religião de matriz africana, foi realizada uma pesquisa acerca
da importância histórica do Terreiro de “Pai Leopoldo”, localizado na cidade de
Governador Mangabeira, fundado em 1963, através do seu líder o senhor Leopoldo
Silvério da Rocha, que faleceu em 2006, deixando como sucessor seu filho primogênito Leomar Silvério
da Rocha. O terreiro recebe uma denominação religiosa de: Yiê Oyó Mecê Alaketu
Axé Ogum é bastante freqüentado pelas pessoas simpatizantes do Candomblé,
principalmente durante suas festas, em especial a de Ogum no mês de janeiro.
Do ponto de vista social o terreiro
possuiu e possui um papel fundamental para a comunidade em que o mesmo está
localizado, o bairro do Portão, pois muitos moradores constantemente procuravam
o senhor Leopoldo para conseguir ajuda, tanto do ponto de vista material como espiritual,
configurando uma relação de reciprocidade entre o espaço sagrado e a
comunidade. Essa aproximação com a população propiciou a Leopoldo se eleger
vereador por quatro mandatos consecutivos (1983 a 2000), porém o
exercício da vereança não o fez se afastar das suas práticas religiosas,
aspecto que fazia de forma eficiente, segundo alguns entrevistados.
“Pai Leopoldo” construiu sua função
de Babalorixá a partir dos ensinamentos adquiridos na casa de “Pai Nezinho”,
terreiro que se localiza, também no bairro do Portão. Com o passar do tempo,
Leopoldo ganhou notoriedade no seu exercício como Babalorixá, ao passo de ser
constantemente requisitado para entrevistas em emissoras de televisão e para a
gravação de documentários, a exemplo de um realizado pela Fundação Palmares com
o título – O Axé do Carajé, gravado em 2006 antes de sua morte. Também viajou
por várias cidades do Brasil levando seus ensinamentos a outras pessoas.
No que se refere à opção teórica,
o texto se fundamenta na perspectiva da relação história e cultura, discussão
de grande relevância na academia brasileira atualmente, tendo seu foco para
temas voltados aos costumes, tradições, saberes, simbolismo, representações,
imaginário popular e identidades, sendo um dos seus percussores no Brasil o historiador
Ronaldo Vainfas. Também existe uma vinculação com os aspectos da identidade
cultural forjada no espaço a ser pesquisado, não as velhas identidades
mencionadas no paradigma moderno, mas aquelas mais próximas do que se chama na
atualidade de identidades pós-moderna, bem discutida pelo historiador Sturart
Hall.
Associada a essa argumentação das
identidades, aparecem às contribuições de diversos historiadores e antropólogos
que escreveram acerca do fenômeno histórico do Candomblé, em especial no sentido
de compreendê-lo nas suas diversas características culturais, bem como, um
instrumento de resistência dos negros a escravidão. Busquei dialogar dentre
outros autores com Júlio Braga, Roger Bastide, Luis Nicolau, Edmar Ferreira,
Gabriela Sampaio, Cacau Nascimento e outros. Para além desses nomes, serão
fundamentais as contribuições de outras correntes historiográficas, a exemplo
da História Regional e Local, que facilitará à compreensão dos elementos
históricos que formaram a região do Recôncavo Baiano, a nova História Política,
no sentido de explicar o poder simbólico ao qual senhor Leopoldo estava
inserido e a História Social, para entender as características históricas dos
atores sociais que formavam o Terreiro de Candomblé de “Pai Leopoldo”.
Do ponto de vista metodológico, a
pesquisa foi sustentada na prática das entrevistas, pois através das mesmas foi
possível perceber como a memória de algumas pessoas concebe o valor histórico e
cultural do Terreiro de “Pai Leopoldo”, bem como, as práticas cotidianas
exercidas pelo seu líder espiritual. Além do
instrumento metodológico das entrevistas, também foram fundamentais o uso de outras
fontes, a exemplo do livro de ata da Câmara de Vereadores de Governador
Mangabeira, onde Leopoldo foi vereador, jornais, documentários, fotografias e
até arquivos pessoais das pessoas mais próximas ao senhor Leopoldo.
ORIGEM DO CANDOMBLÉ NA BAHIA
O Candomblé é uma religião de matriz africana, tendo suas origens durante
a colonização do Brasil com os africanos escravizados pelos portugueses em
nosso território. O termo Candomblé é originário da língua bantu Kandobile, que
significa lugar de culto e oração. Foi na Bahia, que essa religião ganhou maior
significado, tornando-se uma das formas de representação das características culturais
afrobrasileira, bem como, um valioso instrumento de resistência dos negros
contra o domínio e a exploração dos brancos.
O Candomblé, especificamente na Bahia, é uma religião “professada e
praticada por três nações: ketu/nagô (iorubá); angola/congo (bantu) e jeje
(fon/ewê), além do Candomblé de caboclo, considerado o Candomblé de origem
brasileira, por cultuar divindades indígenas”. (AMARAL, 2009, p. 40). Essa diversidade
étnica na formação do Candomblé na Bahia foi assim definida pelo historiador João
José Reis:
A história do
candomblé na Bahia do século XIX é, portanto, a história de sua mistura étnica,
racial e, logo, social. Um processo que ocorreu em diversas frentes: a reunião
de africanos de diferentes origens etnias para, juntos, celebrarem seus
diferentes deuses, a atração dos descendentes de africanos nascidos na Bahia e
a difusão de todo tipo de serviço espiritual entre clientes de diversas origens
étnicas, raciais e sociais. (REIS, 2000: p. 49)
Essas nações, cada uma delas possui características especificas na forma
de praticar o Candomblé, mas entre elas existe algo em comum, ou seja, ambas
têm na natureza a base para os seus cultos, fundamentados em elementos da
terra, fogo, água e ar, em especial os seus Orixás que possuem relações diretas
com esses elementos naturais. A acerca de como distinguir uma nação da outra, o
sociólogo e antropólogo francês Roger Bastide, escreveu:
É possível
distinguir essas nações umas das outras pela maneira de tocar o tambor (seja
com a mão, seja com a vara), pela música, pelo idioma dos cânticos, pelas
vestes litúrgicas, algumas vezes pelos nomes das divindades, e enfim por certos
traços do ritual. Todavia, a influência dos iorubas domina sem contestação o
conjunto das seitas africanas, impondo seus deuses, a estrutura de suas
cerimônias a sua metafísica aos daomeanos, aos bantos (BASTIDE, 2001: p. 29)
No caso específico do Terreiro de
Pai Leopoldo, existe uma vinculação com a nação ketu, devido à relação que o
mesmo possuía com o Terreiro de Mãe Menininha do Gantois em Salvador. O ketu é um
tipo de Candomblé mais tradicional. As primeiras casas de Candomblé ketu,
surgiram em Salvador durante o século XIX, depois se espalharam pelo Recôncavo,
sobretudo na cidade de Cachoeira.
Por volta de 1807 foi fundado em Salvador o primeiro Terreiro de
Candomblé de origem ketu na Bahia – O Terreiro da Casa Branca, no bairro da
Barroquinha. A partir de então, outros terreiros foram surgindo e o culto ao
Candomblé atravessou épocas e resistiu a todo tipo de opressão contra ele
estabelecido, em especial aquela imposta pelos governantes, alegando que essa
prática religiosa era algo anticivilizado e não combinava com os princípios da
ordem social estabelecida pela elite dominante. No tocante a essa questão o
antropólogo Julio Braga assinalou:
Na Bahia
essas práticas religiosas tradicionais foram rejeitadas sob a alegação de que
se tratava de práticas de feitiçaria. Por isso, deveriam ser afastadas de um
meio social que se pretendia oriundo e portador de uma civilização ocidental.
Ainda neste século, essa justificativa bastava para que se praticasse todo tipo
de violência contra núcleos religiosos afro-baianos que surgiram por toda a cidade
de Salvador. (BRAGA, 1995: pp. 25-26)
Evidentemente que as perseguições
tinham um significado ideológico voltado para a negação do valor histórico e
cultural do Candomblé, sobretudo como manifestação oriunda do povo afrobrasileiro,
porém é notável, que mesmo com as intolerâncias impostas pelos brancos, os
terreiros resistiram, usando mecanismos diversos para continuarem praticando a
crença nos seus Orixás, em especial no Recôncavo baiano, onde a repressão não
conseguiu evitar o crescimento desses terreiros, um forte exemplo disso foi à
criação do Terreiro do Pai Leopoldo em 1963, no município de Governador
Mangabeira.
O TERREIRO DE CANDOMBLÉ DE PAI LEOPOLDO
O Terreiro de Pai Leopoldo foi criado em 21 de abril 1963, onde hoje se
formou o bairro do Portão, município de Governador Mangabeira. A formação está
vinculada ao terreiro do senhor Nezinho, descendente de Mãe Menininha, casa que
na atualidade é comandada pela sua filha a Babalorixá, Mãe Cacho, também é de
origem ketu. O Terreiro foi batizado pelo nome de Yiê Oyó Mecê Alaketu Axé
Ogum. Essa opção pelo Orixá Ogum como o principal do Terreiro fundamenta-se no
fato de que ainda jovem Leopoldo já incorporava o mencionado Orixá. Ogum é o
regente do fogo e da guerra, geralmente é o protetor de todos que usam
instrumentos ou ferramentas construídos desse metal, a exemplo dos caçadores, barbeiros,
ferreiros, guerreiros e outros.
Ogum é o deus
do ferro e é o orixá que possui o segredo do fogo e sua capacidade de
transformar os metais. Todos aqueles que trabalham com o ferro, transformando-o
em armas ou objetos de trabalho, estão sob sua proteção (...) O número sete é consagrado a este orixá e ele
representado por um instrumento de ferro, composto por um haste onde estão
dependuradas miniaturas de ferramentas que se constituem nos símbolos de suas
atividades (...) Ogum representa o poder masculino que tem de mais agressivo e
sua força reside no elemento preto. Suas roupas são azul escuro e seus filhos
usam contas azuis ou verdes e ele dança com uma espada na mão. (SANTOS, 2000:
p. 43)
O Terreiro de Pai Leopoldo tem várias festas durante o ano, segundo o
herdeiro do senhor Leopoldo, seu filho Leoma Silvério da Rochar (2010), “as
principais festas são: águas de Oxalá, Orixá da paz, para que tudo ocorra bem,
depois com a festa de Ebaluaê, depois Xangó, depois dar continuidade com as
Iabás, ou seja, os Orixás femininos, depois com Oxossi e finaliza com o Orixá
da casa, que é Ogum”.
Essas festas e outras formas de
representações inseridas nos ritos do Candomblé configuram o campo do simbólico
aos quais seus adeptos são condicionados, não por uma imposição, mas por uma
construção histórica, símbolos que forjam identidades, alicerçadas nos
significados e raio de influência de cada Orixá e no que representa a
hierarquia daquele Terreiro, tornando essa manifestação religiosa com
características simbólicas próprias e complexas, como elucida a professora
Maria Joaquim:
Quando
analisamos o candomblé, percebemos sua complexidade como uma instituição
religiosa, cultural e social, que possui um universo simbólico próprio, em que
a liderança e as pessoas envolvidas estão ligadas diretamente aos Orixás, o que
dá sentido às suas existências. O candomblé é apresentado como uma instituição
que está inserida na sociedade brasileira e procura preservar as tradições e a
identidade afro-brasileira (JOAQUIM, 2001: p. 37)
A prática de fazer a abertura das
festas com as águas de Oxalá é algo comum no Candomblé da nação ketu. Consiste
em um ato de respeito. Os “Filhos de Santo”, vestidos de branco, formam uma
procissão, saindo do terreiro em silêncio, carregando potes e moringas. No que
se refere ao significado de Oxalá para o Candomblé, o Babalorixá Antonio Ângelo
Pereira, observou:
Oxalá é o
Deus da criação, simbolizado por pedacinhos de marfim dentro de um anel de
chumbo. Só se veste de branco. Seu dia é sexta feira e ele sincretizado como
Senhor do Bonfim. É um dos orixás mais populares da Bahia, ele é chamado,
carinhosamente de “Babá agba” (pai velho). Suas contas são brancas, e branca é
a sua comida: acaçá, ebô de milho branco, cabra, pombo. Tudo sem sal nem azeite. (IN: SANTOS, 2000: p. 109)
Para além das festas, o terreiro de Pai Leopoldo, ganhou bastante
notoriedade fora do seu espaço geográfico de origem, ou seja, se tornou famoso
a nível nacional e até internacional. Isso pode ser comprovado em um documentário
realizado pela TV Futura, quando os rituais existentes no terreiro serviram
para explicar a reportagem exibida em outubro de 2007 acerca do tema danças
brasileira, bem como, em uma produção da Fundação Palmares, intitulada o Axé do
Acarajé (2009), quando o Babalorixá Leopoldo apresentou relevantes explicações
acerca do significado do acarajé para o Candomblé, salientando que todas duas
produções foram exibidas posteriormente a morte de Pai Leopoldo (2006). No
cenário internacional, o terreiro era visitado por turistas de vários países,
além de pessoas de outras nações serem iniciadas no terreiro, como foi o caso
de um casal francês, mostrando assim, o prestigio de Pai Leopoldo, associado às
concepções das tradições do Candomblé ketu mantidas vivas no terreiro.
Segundo uma das Filhas de Santo
(Iaô) mais velha de Pai Leopoldo, senhora Neci Santos Leite (2010), “essa
procura pelo terreiro, acontecia muito em função do senhor Leopoldo manter viva
uma hierarquia, ele não aceitava certas mudanças, ele mantinha aquela tradição,
as pessoas temiam e respeitavam a ele”. Já o sucessor de Pai Leopoldo, seu
filho Leomar, aponta que essa valorização do terreiro, está vinculada ao
sucesso que as pessoas alcançavam ao procurar o mesmo para resolverem algum
problema espiritual:
Diante de
pessoas que frequentavam, pessoas de fora que tiveram necessidade de vir aqui
por necessidade de resolver alguma coisa da sua vida, os próprios Filhos de Santo,
divulgaram a casa lá fora, através disso, pessoas do Rio, São Paulo, Florianópolis
visitaram a casa, até um casal de franceses se iniciou aqui na casa, essas
pessoas tiravam fotos, faziam uma filmagem e ai passavam para outras, chegando ao ponto da TV Futura fazer uma filmagem aqui, mostrando a
importância dos Orixás, das danças. (ROCHA, Leomar Silvério da, 2010)
Por esse ângulo, nota-se o prestigio do Terreiro de Pai Leopoldo,
associando aos elementos da tradição do Candomblé com as características de
curas que são desenvolvidas na casa, elementos que ainda hoje continuam vivos,
mesmo depois da morte do seu fundador, e não deixando de levar em consideração
que seu sucessor é um jovem, e ainda assim, as pessoas continuam frequentando o
terreiro, tanto para resolver problemas pessoais, como para se tornar um membro
daquela Casa, evidenciando como o Candomblé atravessa gerações e resiste às
possíveis transformações do mundo contemporâneo, pois:
A religião
faz parte do cotidiano das pessoas, ou seja, estabelece o modo delas se
relacionarem com os deuses e prevê consequências dessas relações em suas vidas.
Ao entrar no candomblé a pessoa dá um sim ao Orixá, e através do processo
iniciático torna-se um membro desta instituição. Entrar no candomblé significa
que a pessoa foi escolhida pelo Orixá, que norteará o seu destino (odun), e sua
vida passará a ter um novo significado (JOAQUIM, 2001: p. 99)
Outro aspecto a ser analisado no
terreiro de Pai Leopoldo é o papel social atribuído ao mesmo. Vale lembrar que
a casa está localizada em um bairro chamado Portão, formado por pessoas humildes,
geralmente oriundas de famílias carentes, indivíduos que constantemente
procuravam e procuram o terreiro para conseguir algo, tanto do ponto de vista
espiritual, como material e até mesmo cultural, a exemplo das festas, quando o
terreiro é bastante visitado, demonstrando que esses ambientes, além de espaços
religiosos, também podem ser concebidos como ambientes sociais construídos
historicamente, permitindo as pessoas desenvolverem convivências diversas, com
simbologias e representações múltiplas.
Na verdade,
com o candomblé se construía uma sólida estrutura de sustentação sociocultural
que não se limitou simplesmente a apoiar o sistema de crenças que lhe é
característico, e ali fora engendrado como peça essencial de uma engrenagem
sagrada de grande complexidade formal e simbólica. O candomblé é, pelas suas
características básicas, uma comunidade de natureza alternativa que permite aos
seus membros um estilo de vida bastante diferenciado do que se tem na sociedade
mais ampla. (BRAGA, 1995: p. 20)
Evidentemente que o significado histórico alcançado pelo Terreiro de Pai
Leopoldo, não pode está dissociado da figura do seu criador. O Senhor Leopoldo
conseguiu respeito e credibilidade como Babalorixá, transpondo outros espaços que
não fossem o entorno do seu terreiro, como citamos anteriormente, não só os
espaços influenciados religiosamente, mas aqueles que o Candomblé lhe permitiu
alcançar para além da figura de Babalorixá, a exemplo do fato de se eleger
vereador por quatro vezes no município de Governador Mangabeira.
A FIGURA DO SENHOR LEOPOLDO
Leopoldo Silvério da Rocha nasceu em 14 de abril de 1944, na antiga Vila
das Cabeças, hoje município de Governador Mangabeira, foi pai de nove filhos,
fruto de três casamentos. Ainda criança ganhou gosto pelo Candomblé, pois era
freqüentador da casa de Pai Nezinho, amigo da sua família. Em 1963 fundou o seu
Terreiro (Yiê Oyó Mecê Alaketu Axé Ogum), fazendo uma homenagem ao seu Orixá
preferido – Ogum. Leopoldo era uma pessoa calma, conversava pouco, mas conseguiu
construir muitas amizades, bem como, alcançou forte prestigio no cenário do
Candomblé do Recôncavo. Faleceu em 2006, em um trágico acidente de carro na BR
101, depois de ter participado de uma festa em um terreiro na cidade de Feira
de Santana.
O fato de exercer as funções de
Babalorixá, bem como, suas relações sócias com os moradores do bairro do
Portão, o levou a ser eleito vereador por quatro vezes consecutivas, exercendo
esse cargo de 1983 a
2000. No período de 1993 a
1995, exerceu a função de presidente da Câmara de Vereadores do município de
Governador Mangabeira. Como político possuiu uma posição partidária de
centro-direita, sendo eleito a primeira vez pela ARENA e depois pelo PFL, mas
tramitava com facilidade pelos diversos grupos políticos do município. Quando
eleito presidente da Câmara de Vereadores, fez o seguinte pronunciamento: “O
vereador Leopoldo Silvério da Rocha, agradeceu aos colegas em depositar
confiança no seu nome e prometeu cumprir a lei e trabalhar junto a todos para
desenvolver um bom trabalho”. (ATA DA CÂMARA DE VEREADORES, 1993, p. 101).
Mesmo que o prestigio como
Babalorixá tenha contribuído para ingressar na política, não notamos nos livros
de ata da Câmara, pronunciamentos específicos de Leopoldo se referindo ao
Candomblé. Segundo algumas pessoas que exerceram a função de vereador no mesmo
período, ele fazia uma separação bem significativa entre o ser político e o
suas funções ligadas ao Candomblé. Vejamos abaixo algumas das respostas dessas
pessoas, quando questionadas se o senhor Leopoldo separava a função de político
com as práticas de Pai de Santo (Babalorixá).
Separava de
maneira elegante, separava e sabia separar, você vendo Leopoldo na Câmara, você
jamais imaginava que era um Pai de Santo, mas também não se furtava, não tinha
vergonha de dizer que era um Pai de Santo, ele não tinha vergonha de dizer
assim: amanhã não vou poder ir a sessão, por que vai ter essa e essa atividade
na minha casa de Candomblé. (SILVA, Pedro Antonio Borges da, 2011)
Não, às vezes
ele não demonstrava que desempenhava esse papel dentro da sua comunidade, ele
se apresentava sempre com uma posição totalmente alheia a essa sua missão de
passar para seus adeptos a sua cultura, era uma pessoa normal, onde ele
chegava, ninguém percebia que ele tinha esse outro lado da sua vida - o
Candomblé. Ele não tentava misturar as coisas, ele não exigia que as pessoas
fossem da sua religião. (SANTANA, José Souza de, 2011)
Não, ele
nunca misturou a coisa do candomblé com a política não, muito ao contrário, ele
fazia só a parte política, agora, claro era um nome respeitado, agente respeitava
essa cultura, por que a cultura tem que ser respeitada. Candomblé é uma coisa
antiga, de tradição e tem que ser respeitada e senhor Leopoldo era respeitado e
continua sendo. (PAIXÂO, Domingas Souza da, 2011)
Mesmo assim, notamos em alguns dos discursos do vereador Leopoldo,
referências a Senhor do Bonfim, que no “sincretismo” é Oxalá: “encerrou suas
palavras pedindo a Deus e ao glorioso Senhor do Bonfim, que derrame muita paz
nesta casa durante este período”. (ATA DA CÂMARA DE VEREADORES, 1993, p. 116).
Quanto a sua relação com o povo do
seu bairro (Portão), costumava exercer certa liderança e um convívio que se
aproximava do paternalismo a condição de chefe de um terreiro de Candomblé. As
pessoas recorriam constantemente a ele, às vezes para resolver problemas
espirituais, ou para conseguir uma ajuda financeira e até para encontrar
alternativas acerca de problemas familiares. Segundo os entrevistados, ele
nunca dizia não as pessoas, costumava ajudar a todos, se preciso fosse doava
até alimentos, bem como, chegava a realizar trabalhos espirituais de forma
gratuita. Acerca dessa relação de Leopoldo como o povo, Neci, uma das suas
Filhas de Santo (Iaô), descreveu:
A pessoa o enxergava
como alguém da família, pois tudo que acontecia na casa ia contar a ele. Era
ele para aconselhar, ele nunca queria discórdia. Ele não aceitava a mentira,
sempre queria a verdade. O senhor Leopoldo quando as pessoas pediam alguma
coisa emprestada o mesmo sempre dava, ele tirava o dinheiro e emprestava ou
dava e nunca dizia que não. Não tinha horário para bater na porta 1, 2 ou 3
horas da manha, ele atendia. Seu Lepoldo: meu filho está doente, ele nunca
dizia não, atendia o pedido da pessoa. Acredito que ele fazia isso devido a
origem do candomblé, pois no ketu a pessoa tem que fazer o bem para seu irmão,
se fizer mal alguém esta fazendo a ele mesmo. (LEITE, Neci Santos, 2010)
Evidente, que as características culturais inerentes ao Candomblé,
possibilitaram a Leopoldo a condição de uma liderança carismática, construída a
partir de símbolos e representações, carisma desenvolvidos pelos atos de
Babalorixá, que seguem todo um processo hierarquizado e complexo, as regras não
são impostas, mas gestadas a partir de uma elaboração histórica, a liderança é
quem faz a ponte entre os Orixás e os participantes.
O candomblé é
uma comunidade com uma estrutura hierarquizada, que tem a liderança da mãe de
santo ou “pai de santo” como mediadora ou “mediador” entre os Orixás e os
participantes, seguida pelos ancestrais e pelas pessoas mais velhas de Santo.
Essa liderança carismática é eleita pelos Orixás, aos quais os membros da
comunidade devem obediência total, quando da busca de um sentido para suas
existências que se traduz nos seus cotidianos. (JOAQUIM, 2001: p. 40)
Para além da possibilidade do carisma nessas relações sociais praticadas
por Pai Leopoldo, não podemos deixar de mencionar que essa proximidade entre as
pessoas era uma prática comum entre as nações africanas, ou seja, os laços de
afetividade e coletividade permitiam que uma pessoa ajudasse a outra no âmbito
do espaço construído historicamente, características que foram transportadas
para o Brasil durante a escravidão e resignificadas no espaço do Candomblé, podendo
ser entendidas como identidades
milenares no contexto da história do continente africano, e que chegaram
até o Brasil com os negros escravizados, um exemplo disso, era a importância do
uso da verdade entre as pessoas de uma determinada comunidade, bem como, na
transmissão de algum saber, aspecto que é citado pela senhora Neci ao se
referir ao senhor Leopoldo. Essa valorização da autenticidade foi descrita
assim pelo historiador africano A. Hampaté Bâ:
De modo
geral, a tradição africana abominava a mentira. Dizia-se: “Cuida-te para não te
separares de ti mesmo. É melhor que o mundo fique separado de ti do que tu
separado de ti mesmo” (...). A proibição da mentira deve-se ao fato de que se
um oficiante mentisse, estaria corrompendo os atos rituais. Não mais
preencheria o conjunto das condições rituais necessárias a realização do
sagrado, sendo a principal estar ele próprio em harmonia antes de manipular as
forças da vida. (HAMPATÉ BÂ, 1980: p.
189)
Evidentemente, que essa tradição africana tem seu significado cultural e
histórico, alicerçada em concepções simbólicas e representativas, aspecto que
senhor Leopoldo com muita habilidade conseguiu inserir no seu cotidiano,
contribuindo assim para a efetivação do que a recente historiográfica denomina
de poder simbólico, simbolismo esse elaborado com sustentação nas diversas
características dos ritos do candomblé, que por sua vez foram ampliadas para as
relações sociais. O poder concebido nas suas múltiplas significações e
representações, um poder simbólico como menciona George Balandier:
O imaginário
ilumina, pois o fenômeno político; sem dúvida de dentro, pois que dele é uma
parte constituinte. Todo sistema de poder é um dispositivo destinado a produzir
efeitos entre os quais os que se comparam às ilusões criadas pelas ilusões do
teatro. (...) Ele só se realiza e se conserva pela transposição, pela produção
de imagens, pela manipulação de símbolos e sua organização em um quadro
cerimonial. (BALANDIER, 1980: p. 7)
Na verdade a figura do senhor Leopoldo confunde-se como a construção do
seu terreiro de Candomblé. Pessoa que manteve viva no seu espaço sagrado as
tradições dos rituais afrobrasileiros, evidenciando o valor histórico do
Candomblé em nossa sociedade. Valor atribuído pelas múltiplas identidades e
representações presentes, tanto na vida de Pai Leopoldo, como na história do
seu Terreiro, relações que o tornou um dos mais respeitados Babalorixá do Brasil, função que ele assumia com
respeito e dignidade, como salienta um dos nossos entrevistados.
Leopoldo era
uma pessoa que tinha o prazer em viver, tinha alegria pela vida. O mais
interessante, era que ele tinha convicção pela sua crença. Leopoldo tinha um
prazer em dizer que ele era da crença do Candomblé. As festas de Leopoldo
alegravam a todos, ele tinha o prazer de receber a todos, ele se trajava a
rigor na sua crença como Pai de Santo, fazia suas festas, fazia suas danças.
Ele recebia pessoas de várias partes da Bahia, do Brasil e do mundo que
confiavam no trabalho dele (...). É bom lembrar que Leopoldo morreu no
exercício de sua função (SILVA, Pedro Antonio Borges da, 2011)
Por todos esses argumentos mencionados ao senhor Leopoldo, torna-se
fundamental salientar que a sua projeção em outros espaços de relacionamento
social e político têm uma construção bastante vinculada ao fato do seu
prestigio como Babalorixá, ou seja, o Leopoldo político surgiu influenciado
pela notoriedade que o mesmo alcançou no Candomblé, bem como, a construção do seu
reconhecimento social tem suas raízes na respeitabilidade que seu Terreiro
conseguiu atingir ao longo de sua existência.
O TERREIRO E A CIDADE DE GOVERNADOR MANGABEIRA
O
Terreiro de Pai Leopoldo, surgiu um ano após a emancipação da Vila de Cabeças, então
pertencente à cidade de Muritiba, que por motivos políticos e culturais recebeu
a denominação de cidade de Governador Mangabeira, em 14 de março de 1962. O
nome Cabeças foi construído através do imaginário popular, existindo diversas
versões acerca do surgimento do mesmo, sendo uma das argumentações mais aceita e
divulgada entre os moradores, aquela produzida pelo memorialista Antonio
Pereira da Mota Junior no seu livro Chacina que deu nome a localidade de
Governador Mangabeira.
Era o banditismo em ação! Era a época do bacamarte
traiçoeiro! Era a época das chacinas por encomendas! Ai mesmo, ao lado, no
leito da via pública, jaziam os corpos decapitados. O trecho, local, não tinha,
até então, segundo parece, nenhuma denominação, visto que, o escabroso
acontecimento figurara aos olhares assustados dos transeuntes às pontas das
estacas dando o nome daqueles cofres de pensamento, ali trancados para
eternidade, pelo chumbo quente, como legado, até o dia 14 de março de 1962.
(Mota Júnior, 1962: p. 2)
Em
1881, Cabeça se transformou em distrito da cidade de Cachoeira, já em 1889, o
seu território foi incorporado à nova cidade de São Félix. Em 1919, passa a
pertencer à cidade Muritiba, que se emancipou de São Félix. Na primeira metade
do século XX, a Vila atingiu seu apogeu econômico, muito em função do beneficiamento
do tabaco em vários armazéns, condicionando uma posição de destaque nessa
atividade comercial no Recôncavo fumageiro, aspecto que influenciou ao Governo
do Estado criar uma coletoria de impostos na sede da Vila em 1950.
O
beneficiamento do tabaco transformou Cabeças em um centro urbano de prestígio
no Recôncavo Baiano. Em 1950
a população da Vila era de 819 habitantes,
residindo em mais de 300 domicílios. Essa população sobrevivia principalmente
do trabalho nos armazéns de fumo, com destaque para os da família Fonseca, que
empregavam em média mais de 200 pessoas. (BORGES, 2004: p. 62)
Além do beneficiamento para exportação, o tabaco
produzido na Vila, também era utilizado para a fabricação de charutos, artigo
que foi considerado como um dos melhores do Brasil, ou até mesmo do mundo, só
perdendo para os charutos Cubanos.
Lembrando que a mão de obra para a fabricação dos charutos era em sua
maioria realizada por mulheres, transformando assim o espaço urbano da Vila em
um cenário em que as pessoas se familiarizaram com as atividades relacionadas
ao beneficiamento do tabaco, com destaca a historiadora Elizabete Rodrigues:
Cabeças formava um grande
cenário fabril de charutos, onde as pessoas e os lugares estavam impregnados
dos elementos característicos daquela atividade, desde o cheiro ativo do fumo
que se espalhava ao vento por toda a Vila, à presença do fumo em
"trouxas", em "manocas", espalmados e picotados nas casas e
espaços de comercialização, e, os próprios charutos que enfeitavam as
janelas das casas, sendo rara a sua ausência, até nas ruas onde lixeiros podiam
encontrar restos de fumo e pontas de charutos que eram varridos portas à fora.
(RODRIGUES, 2001: p.9)
Em 1960, se desencadeou uma forte campanha para a emancipação política da
Vila de Cabeças, tendo como líderes os senhores Antonio Pereira da Mota Junior,
Malaquias Cerqueira Ferreira e Manoel Machado Pedreira, representantes da Vila
na Câmara de Vereadores da cidade de Muritiba. Os mesmos lançaram um projeto de
emancipação política da Vila, sendo aprovado em sessão extraordinária em 24 de
agosto de 1961. Mas para o projeto se tornar realidade necessitava, também de
aprovação da Assembléia Legislativa do Estado, fato que aconteceu em 14 de
março de 1962, através da lei 1639, sendo autor o Deputado Heraldo Guerra e a relatora
a Deputada Ana Oliveira. Através dessa lei, a Vila de Cabeças passou a ser a
denominada cidade de Governador Mangabeira.
A substituição do nome de Cabeças para Governador Mangabeira foi muito em
função da denominação Cabeças lembrar algo trágico, bem como, o desejo dos líderes
políticos locais em dar visibilidade e prestigio a nova cidade, uma vez que o
novo nome homenageava o ex- Governador da Bahia Otávio Mangabeira que governou
o Estado de 1947 a
1951, pois seu governo foi considerado por muitos um dos melhores, chegando a
realizar obras como do aeroporto Dois de Julho, Estádio da Fonte Nova, Escola
Parque e outras.
As primeiras eleições para Prefeito e Vereadores da cidade, foram
realizadas em 7 de outubro de 1962. Concorreram para o cargo de prefeito o chefe da coletoria local o senhor Agnaldo
Viana Pereira (UDN/PTB) e o comerciante Malaquias Ferreira (PSD). Agnaldo Viana
foi o vencedor do pleito com mais de 60% dos votos válidos, se consagrando o
primeiro prefeito do município.
Em consonância a essa contextualização, surgiu em 1963 o Terreiro de
Candomblé de Pai Leopoldo, especificamente em uma área rural da recém-emancipada
cidade de Governador Mangabeira, ou seja, Portão, área que a partir da metade década
de 1970 se transformou em um bairro, muito em função da construção de
alojamentos para os operários que se deslocaram de várias partes do Brasil para
a construção da barragem de Pedra do Cavalo. Hoje o bairro é o maior da cidade,
continuando a abrigar uma população na sua maioria de assalariados.
Vale salientar, que o prestigio alcançado pelo Terreiro ao longo de sua
história, proporcionou visibilidade à cidade de Governador Mangabeira, uma vez
que o citado espaço religioso era bastante frequentado por pessoas da elite
socioeconômica do Brasil e até de outros países, levando assim o referencial
geográfico e histórico do Terreiro para outros espaços, sem esquecer as
constantes entrevistas concedidas a emissoras de televisão pelo Babalorixá
Leopoldo, explicando fundamentos do Candomblé, ou mesmo para a produção de
documentários acerca de algumas características dos rituais afrobrasileiros,
alguns deles já citados anteriormente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por todos os aspectos mencionados anteriormente, acredito que através
dessa produção, estarei contribuindo para uma visibilidade histórica do Terreiro
de Candomblé de Pai Leopoldo. Evidentemente que tem muito a se pesquisar acerca
do mesmo, mas o fundamental é compreender o valioso significado social e
cultural desse espaço religioso no contexto histórico da região do Recôncavo,
em especial para o município de Governador Mangabeira, percebendo o quanto a história
é dinâmica, enfatizando os símbolos e representações construídos pela população
afrobrasileira, sendo o Candomblé um desses símbolos, que resiste aos
preconceitos e discriminações, mas que busca manter vivas características da
tradição africana no Brasil.
Também, tornar público as ações do senhor Leopoldo, sem querer aproximar
seus atos de uma visão histórica positivista, mas compreender o valor do seu
trabalho como Babalorixá, alguém que conseguiu notoriedade na sua função de
forma simples e respeitando fortes características da origem do Candomblé, tema
que na atualidade está sendo bastante pesquisado nas academias de todo o país,
em especial nos cursos de história e antropologia, evidenciando o quanto é
relevante para o nosso povo as características históricas afrobrasileiras,
características que senhor Leopoldo conseguiu manter vivas em seu Terreiro de
Candomblé.
Por ultimo, vale salientar que a história do Terreiro de Pai Leopoldo é
algo que fascina ao historiador, muito em função das peculiaridades a ele creditadas,
sobretudo no tocante ao valor atribuído ao Candomblé, tornando o objeto de
estudo algo próximo ao historiador, evidenciando o quanto o conhecimento
histórico é plural, bem como, o significado atribuído as fontes, em especial a
memória dos entrevistados, uma vez que se reportavam ao senhor Leopoldo com
concepções de mundo plurais, as quais torna o saber histórico mais
significativo e prazeroso, cumprindo assim, a máxima que a história pode ser
construída a partir dos variados olhares, em especial aqueles que procuram elucidar
a maneira de pensar e agir de um determinado povo.
REFERÊNCIAS
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Cidade de Governador Mangabeira (1950
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FONTES ORAIS
LEITE, Neci Santos, Filha de
Santo de Pai Leopoldo, entrevista em 15 de outubro de 2010, duração: 50
minutos.
PAIXÃO, Domingas Souza da, vereador por quatro mandatos, sendo
alguns deles com senhor Leopoldo, atual prefeita da cidade de Governador
Mangabeira, entrevista 01 de outubro de 2011, duração: 15 minutos.
ROCHA, Leomar Silvério da,
Babalorixá, filho e sucessor de Pai Leopoldo, entrevista em 11 de outubro de
2010, duração: 55 minutos.
SANTANA, José Souza de, ex
prefeito de Governador Mangabeira, foi no mandato do mesmo que Leopoldo exerceu
sua primeira legislatura como vereador, entrevista 01 de outubro de 2011, duração:
20 minutos.
SILVA, Pedro Antonio Borges da,
ex vereador de Governador Mangabeira, exerceu seu mandato juntamente com senhor
Leopoldo, entrevista em 01 de outubro de 2011, duração: 15 minutos.
FONTES ESCRITAS
Livros de Atas da Câmara de
Vereadores de Governador Mangabeira. Números: 11 e 12, 1993 e 1994.
[*]
Licenciado em História pela Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS,
especialista em História Regional pela UNEB, professor do ensino médio do
Colégio Estadual Professor Edgard Santos – Governador Mangabeira – BA, e-mail:
borgeslc@hotmail.com
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